domingo, 8 de maio de 2011

Entrevista - Mateus Abecassis

    Sonhos de um mini super-modelista

O jovem de doze anos entrou no Sábado, dia 30 de Abril, aos pulinhos na loja HobbyKIT. Vinha com um grande sorriso nos lábios, entusiasmado com a entrevista que lhe ia ser feita, e cumprimentou os colegas de forma entusiasta. O Mateus Abecassis vinha preparado para a entrevista: trazia o boné com o logótipo da loja e muita alegria para partilhar com todos.
O Mateus é um rapaz com muita energia, nunca está parado, mas assim que se senta na cadeira do gabinete do Sr. Guimarães ele acalma e está pronto para partilhar as suas experiências enquanto modelista. A entrevista começa. Quando lhe perguntei se gostava de modelismo, a resposta é imediata: “Adoro”. O jovem explica então que foi há cinco anos que descobriu esta paixão: “desde que tive o meu primeiro carro”, explica Mateus com um brilho no olhar. Foi o pai que lhe ofereceu o primeiro modelo e assim despoletou esta paixão.

PG – Quem é que te ofereceu o teu primeiro carro?
MA – Foi o meu pai, porque eu pedi-lhe. Já tinha visto várias vezes, achei que era algo de grande responsabilidade: e eu gosto de um bom desafio.

PG – Então tens amigos e familiares que também têm carros telecomandados?
MA – Tenho um amigo e consegui trazer mais duas pessoas para o modelismo, mas ainda não compraram nenhum carro (risos).

PG – Pelo que sei, não gostas apenas de RC dentro do modelismo, não é? Mas é aquilo que tu preferes?
MA – Eu prefiro os carros telecomandado, mas também já tive um barco que explodiu (ri-se com um ar malandro).

PG – Costumas ir a pistas de RC?
MA – Só à pista da loja HobbyKIT. Ainda não encontrei outras para carros a combustão. É que ainda não tenho nenhum elétrico, mas hei-de ter.

PG – Então e quantos modelos é que tu já tens?
MA – Tenho dois carros e um helicóptero. Tenho também um comboio da Marklin.

PG – E preferes pedir essas prendas para receberes em ocasiões como no Natal e nos anos, ou preferes ser tu a juntar dinheiro e comprá-los?
MA – Eu acho que a resposta a essa pergunta é muito fácil: prefiro que me dêem, mas é difícil de pedir porque são coisas caras.

PG – Tens conseguido aprender muitas coisas ao longo destes cinco anos?
MA – Aprendi que quanto mais andar mais parto (risos). Claro que também já aprendi alguma mecânica dos carros, a mudar parafusos, pintar carroçarias… Também já consigo conduzir helicópteros elétricos, dos pequenos e alguns maiores. E outra coisa que aprendi foi falar com as pessoas sem ter vergonha.

PG – Gostavas de algum dia competir em corridas?
MA – Adorava.

PG – Estás a pensar fazer isso a curto ou a longo prazo?
MA – (olhar pensativo) A curto prazo.

PG – E estás a fazer alguma coisa para futuramente conseguires entrar em corridas?
MA – Estou a pensar em adicionar mecânica mais avançada nos meus carros. Embora preferisse correr com elétricos, mas ainda tenho de comprar um que dê para depois entrar nas corridas.

PG – E qual é que vai ser a tua próxima aquisição?
MA – Quero comprar um Inferno VE. Dá para competir se depois lhe adicionar outras coisas.

PG – A tua família e amigos incentivaram-te a entrar neste mundo do modelismo?
MA – Sem dúvida que o meu pai incentivou-me, mas a minha mãe nem por isso.

PG – E de que forma é que o teu pai te incentivava, para além de te ter oferecido o teu primeiro carro?
MA – Dizia que o modelismo era um hobby muito giro e que eu ia gostar, mas que me precisava de dedicar e pensar muito bem em tudo o que fazia. O meu pai tinha amigos modelistas.

PG – E o teu pai tinha razão no que te disse? Está a corresponder às expectativas?
MA – Claro que sim (brilho no olhar).

PG – Costumas fazer corridas com o teu pai ou amigos?
MA – Apenas com amigos, porque o meu pai é um bocado zarolho (risos). Com os carros Dnano já brinquei com ele, mas os grandes a combustão é melhor não.

PG – Quando brincas com os teus amigos, quem é que costuma ganhar?
MA – Depende das vezes. Se a pista está molhada, suja…

PG – Mas as condições da pista altera a condução dos dois carros.
MA – Não, por causa dos pneus do meu carro. Não estão muito bons (risos)

PG – Existem escolas que têm uma disciplina de modelismo, embora seja mais direcionado para a construção e pintura de kits. Servem para conhecer este hobby e aprender algumas técnicas… Achas importante existir disciplinas de modelismo na escola?
MA – Sim, acho que seria bom para Ciências. Nunca tive modelismo na escola, mas adorava ter. Também não conheço ninguém que tenha.

PG – Achas que o modelismo é um hobby mais caro do que outro qualquer, como Playstation?
MA – Não tenho a certeza, mas penso que sim. Eu tenho Playstation em casa, mas não gosto: prefiro modelismo. Embora seja mais caro ter o modelismo como hobby, vale a pena.

PG – E que vantagens é que há em ser modelista?
MA – Temos de pensar muito: é bom para a cabeça (risos). Conhecemos também várias pessoas e fazemos muitos amigos que também gostam do modelismo. E podemos ainda aprender coisas com essas pessoas. Noto também algumas diferenças na sensibilidade das mãos, que pratico quando estou a guiar os carros com o rádio.

PG – Então isso quer dizer que te consideras um modelista?
MA – Acho que sim (tímido).

PG – Porquê? O que é para ti ser modelista?
MA – Ser modelista é uma pessoa que se dedica a isto e que tenha minimamente um pouco de jeito (risos). Os modelistas são pessoas com habilidades.

PG – Então quer dizer que és um rapaz habilidoso?
MA – Pelo menos a partir peças acho que sim… (risos)

PG – E quando fores mais velho queres continuar a ser modelista?
MA – Sim. Espero ter um bom trabalho para poder dar continuidade ao modelismo.

PG – Que trabalho é que gostavas de ter?
MA – Gostava de trabalhar numa loja de modelismo.

PG – Isso é alguma dica para o Sr. Guimarães?
MA – (risos)

PG – Não queres ir para a faculdade e tirar um curso?
MA – Sim, quero tirar dois cursos: engenharia mecânica e gestão. Gestão é para conseguir ter dinheiro para comprar depois os carros que quero e engenharia mecânica porque sempre gostei de desmontar e montar máquinas… Sempre tive jeito para arranjar televisões (risos). Ah, e computadores.

PG – Desmontas os computadores.
MA – Não, isso não. É melhor não… (risos)

PG – O que é que vais pedir no dia criança? Está quase…
MA – (pensa) Ainda não tinha pensado nisso. O Inferno VE é muito caro, mas posso pedir os pneus (risos). Assim posso ganhar mais nas corridas.

PG – Já te aconteceu alguma coisa engraçada?
MA – Muitas, mas ainda ontem consegui desprogramar um carro Dnano e eu tentava que ele fosse para a frente e ele ia para trás, tentava travar e não dava… Mas depois consegui que ficasse bom outra vez.

PG – Tens algum sonho relacionado com o modelismo?
MA – Não… Quero dizer gostava de ganhar muitas corridas. Ser famoso.

PG – Os teus pais notam diferenças em ti desde que és modelista?
MA – Sim. Dizem que estou mais consciente a fazer decisões, isto é, se queremos comprar uma coisa não podemos comprar a outra. Antes queria as duas coisas e pronto. Comecei a ser mais realista e a dar mais valor ao dinheiro.

PG – Costumas poupar para conseguir comprar as coisas?
MA – Sim. Fui eu que comprei o meu último carro, o Storm da GS. Consegui juntar o dinheiro praticamente todo e depois o meu pai ajudou só um bocadinho. Trouxe o meu mealheiro cheio de moedas para a loja e tivemos de contar tudo. O meu pai não tem porta-moedas e no final do dia coloca as moedas que tem nos bolsos no meu porquinho. Assim também consigo comprar as peças que parto, que é aquilo que sei fazer melhor (risos). Mas acho que não sou só eu: são todos os modelistas.

PG – Já acontece as pessoas virem pedir-te conselhos sobre os carros.
MA – Sim e consegui ajudar. Já não me lembro o que era, mas resultou.

PG – E que tens feito nas férias da Páscoa?
MA – Modelismo, modelismo, modelismo. E… montar a cavalo na minha quinta. Tenho vindo aqui para a loja aprender e também andar com os meus carros. Tento às vezes também ajudar a vender: ando com os helicópteros da loja para as pessoas verem como voam. Já consegui vender dois dos pequenos.

A entrevista termina e o Mateus volta à sua energia inicial. Ele está pronto para descer as escadas e ir para a pista onde tem os seus carros à espera de uma boa corrida.











Texto e fotografias de Pandora Guimarães.
Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.


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